A Lei de Inclusão da Pessoa com
Deficiência, aprovada no Brasil em 2015, garante ao indivíduo com
necessidades especiais o direito e acesso à Educação. Apesar disso,
garantir a inclusão do aluno autista em sala de aula ainda é um desafio
não apenas para famílias, mas também para escolas e professores. Como o
Transtorno do Espectro Autista (TEA) possui níveis e intensidades
bastante amplos, fazendo com que o indivíduo possua características,
sintomas e comportamentos variados e distintos, em boa parte das vezes
os educadores se sentem despreparados para lidar com as situações que
surgem quando são desafiados a trabalhar com um aluno autista.
A inclusão de um estudante com autismo
exige adaptações e estratégias diferenciadas que a escola só consegue
implantar, de fato, quando o tema é amplamente discutido dentro do
ambiente escolar, com a propagação de todas as informações necessárias
para que todos se sintam preparados para lidar com a questão. Além da
sensibilização de docentes e colaboradores da escola, e da troca
constante de experiências sobre o assunto, fatores como diagnóstico
precoce, contato próximo com a família e o apoio de profissionais
especializados que atendem a criança também contribuem para o processo.
De acordo com a gerente pedagógica da
Conquista Solução Educacional, Aldrey Freitas, praticar a inclusão não é
inserir um aluno com TEA em sala de aula e ter a expectativa de que ele
participe e responda como os demais. "Esperar do indivíduo com autismo
comportamentos socioafetivo e acadêmico iguais ao de alunos sem a
ocorrência do transtorno pode, inclusive, exacerbar problemas
comportamentais nessa criança", alerta Aldrey. Segundo a educadora, é
preciso, antes de tudo, buscar entender as razões que fazem com que
aquele aluno grite, morda ou se recuse a permanecer sentado ou dentro de
uma sala. "O professor só vai conseguir lidar de forma bem sucedida com
a situação quando tiver a compreensão de que falta a esse aluno as
competências necessárias para uma reciprocidade social, para o
cumprimento daquilo que se espera dele, como a compreensão de regras
sociais e a capacidade de se colocar no lugar do outro", acrescenta.
Aldrey diz ainda que se faz necessário,
dentro desse processo de inclusão, repensar alguns termos que às vezes
são colocados, como, por exemplo, dizer que a criança autista não
respeita regras. “É preciso conscientizar toda a comunidade escolar,
começando pelos professores, de que tais comportamentos ocorrem porque o
autista tem uma deficiência na área da sociabilidade - e não apenas
classificar a criança ou jovem como portador de problemas
comportamentais”, ressalta. Ela explica que essa consciência só ocorre a
partir da abertura de um amplo debate escolar que envolve destacar
quais os sinais do transtorno, quais os comportamentos nos diferentes
graus de autismo, e, acima de tudo, debater sobre quais medidas precisam
ser tomadas para auxiliar esse aluno a compreender essas regras sociais
e como o professor pode ajudá-lo a desenvolver melhor as competências
que se espera dele.
Algumas práticas podem auxiliar escolas e professores no processo efetivo de inclusão. São elas:
Criação e manutenção de rotinas
Crianças e jovens com autismo se sentem
mais seguros quando têm uma rotina previsível. A repetição de processos
e atividades em sala de aula contribui muito para a aprendizagem.
Adaptação ao ambiente
Antes de iniciar a experiência em uma
escola ou turma nova, é bastante produtivo que o aluno autista conheça
previamente a instituição e os ambientes que irá frequentar. Isso vai
deixá-lo mais familiarizado com o espaço quando as aulas começarem.
Evitar barulhos altos em sala de aula
Algumas crianças com autismo têm
hipersensibilidade a ruídos altos que podem incomodá-la. O ideal é que o
autista chegue à escola um pouco antes das outras crianças, assim ele
vai se acostumando gradualmente com os barulhos que irão se formando em
sala de aula.
Explorar os interesses da criança
As crianças autistas podem ter
interesses em temas específicos e demonstrar enorme fascínio por tudo
que se relaciona a eles. Pode-se aproveitar isso para inserir esses
temas em atividades de sala de aula e atrair a atenção do aluno, fazendo
com que ele se concentre nas tarefas por mais tempo.
Não diferenciar conteúdos
Todos os alunos precisam aprender o
mesmo conteúdo em sala de aula, ainda que seja necessário fazer algumas
adaptações na forma como ele será apresentado e trabalhado com cada um.
Fazer diferenciações de conteúdo não ajuda na inclusão do autismo em
sala de aula.
Usar recursos visuais
Procurar falar de forma clara e
objetiva ao dar orientações a fim de facilitar a compreensão do que deve
ser feito e usar recursos visuais para ilustrar o que está pedindo.
Imagens, símbolos e fotos podem ser usados.
Promoção de atividades coletivas
As atividades coletivas são muito
importantes para a interação dos alunos. Sempre que possível, realizar
tarefas, atividades, jogos e brincadeiras em grupo, incluindo o aluno
com autismo.