Somente no primeiro semestre do ano, o estado do Maranhão recebeu a liberação de quase 130 milhões de microcrédito produtivo orientado, destacando a veia empreendedora do estado. Dados do Centro de Apoio aos Pequenos Empreendimentos (Ceape) Brasil, especializado nesta modalidade, demonstram que foram realizadas 18.043 operações no estado, o que corresponde a um tíquete médio de R$ 7.098,97 por solicitante.
No período, o Ceape injetou R$ 145 milhões em empréstimos voltados para os microempreendedores brasileiros, sendo a maior parte no Maranhão, que corresponde a 89% do valor total. Segundo Claudia Cisneiros, diretora-executiva do Ceape Brasil, o estado se destaca nas iniciativas de microempreendedorismo, com as mulheres à frente. “Queremos fomentar os novos negócios no Maranhão, dando acesso ao crédito às pessoas que não conseguem acessar o sistema financeiro tradicional e que precisam dos recursos para expandir seu negócio. Além do dinheiro, nós disponibilizamos capacitação e apoio para o crescimento sustentável”, afirma.
Quando se olha o valor total das concessões de microcrédito em todo o Brasil, de acordo com os dados da Associação Brasileira das Operadoras de Microcrédito e Microfinanças (ABCRED), o Maranhão também é destaque. Segundo o levantamento, as instituições que atuam com microcrédito produtivo orientado liberaram R$ 566,83 milhões nos seis primeiros meses deste ano. “Se aplicarmos somente o valor concedido pelo Ceape Brasil, sem considerar outras instituições que atuam no estado, o valor de R$ 130 milhões corresponde a 23% deste total.
Apesar de serem as maiores demandantes de crédito e estarem à frente do empreendedorismo, as mulheres são as que mais sofrem para obterem a concessão de crédito. Apenas 6% das empreendedoras contaram com auxílio de instituições financeiras para abrir seus negócios, e a maioria, o equivalente a 78%, começou a empreender com recursos próprios, segundo dados do Sebrae. Do total de empreendedoras, 54,9% conciliam as tarefas domésticas e de negócio, sendo um dos fatores apontados por elas que afetam o seu desempenho. Mais de 70% das empreendedoras têm dívidas, sendo que 43% estão com parcelas atrasadas. As mulheres que se enquadram nessa estatística são predominantemente negras, das classes D e E, com faturamento de até R$ 2,5 mil e que empreendem por necessidade.
“No caso do Ceape, temos uma realidade contrária: mais de 60% dos créditos que concedemos são para o público feminino. Precisamos apoiar a independência da mulher para que ela possa criar seu próprio negócio e melhorar a qualidade de vida da sua família, ampliando a renda obtida. Por meio do microcrédito, ela consegue montar um pequeno negócio e obter renda para manter sua família. Com isso, mostramos que a formalização é o passo seguinte”, diz Claudia, ao lembrar que a predominância das mulheres nesta alternativa de crédito voltada ao financiamento ao empreendedorismo já foi ainda maior. Em 2016, as mulheres representavam 68% das liberações.
Claudia observa ainda que a concessão do microcrédito produtivo deve sempre vir apoiada pela educação financeira para evitar que o empreendedor se prejudique com endividamento, principalmente no caso de pessoas que já se encontram em situação de vulnerabilidade social e financeira. “Como o próprio nome já sugere, o microcrédito produtivo orientado tem o intuito de fornecer educação financeira ao empreendedor de forma que ele possa não só ampliar seu negócio, mas também torná-lo sustentável ao longo do tempo. A evolução social proporcionada pelo acesso ao crédito deve gerar vantagens para a sociedade como um todo, já que ao se formalizar, o empreendedor passa a recolher impostos e a manter funcionários, se for o caso, devidamente registrados”, ressalta.
No caso do Ceape, a política adotada oferece orientação contínua mesmo após a concessão do crédito e de forma personalizada, aplicando in loco temas como fluxo de caixa, estratégias de vendas pela internet, dicas de atendimento, entre outros. Além disso, oferece um seguro para evitar que o empreendedor caia na inadimplência por conta de problemas alheios ao seu negócio.
Somada a orientação financeira, o Ceape também realiza outras iniciativas para auxiliar o empreendedorismo, como o projeto de revitalização de fachadas, que pretende beneficiar mais de 300 empreendimentos ainda em 2024. O programa não apenas visa melhorar a aparência dos estabelecimentos comerciais, mas também impulsionar o reconhecimento e o sucesso de negócios locais por meio de diversas ações de apoio. Na fase inicial, o projeto destinará 108 placas de revitalização para a região dos Cocais, no Maranhão, com implementação nas cidades de Codó, Caxias, Coroatá, Coelho Neto, Bacabal, Lago da Pedra, Presidente Dutra, entre outras.
Presente também nos estados do Maranhão, Pará, Tocantins, Ceará, Piauí, Pernambuco, Alagoas, São Paulo, Bahia e Rio Grande do Sul, o Ceape Brasil conta atualmente com 21 mil clientes ativos, ou seja, com empréstimos em andamento. A instituição é especializada na concessão de microcrédito produtivo, que une empréstimo à educação financeira dos tomadores e já concedeu mais de R$ 7,4 bilhões em crédito, beneficiando cerca de 1,5 milhão de empreendedores, principalmente na região Nordeste.
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