Há pouco mais de um ano, o mundo precisou rever hábitos para cuidar da saúde. Ao longo desses 12 meses, cuidados e procedimentos foram adaptados conforme se descobria um pouco mais sobre a Covid-19. Máscaras, higiene das mãos e distanciamento social para a população; fluxos separados, barreiras físicas, treinamentos e novas tecnologias para as instituições e profissionais no centro do combate. Cada um desses processos teve à frente pelo menos um médico infectologista. Foram esses profissionais que mudaram a forma como a saúde é vista e cuidada nesse período.
“Nós buscamos experiência de outros países, criamos um Comitê de Crise e unimos esforços para organizar o hospital e evitar o cruzamento de fluxos dos pacientes. Em paralelo, realizamos uma ação com a Anvisa sobre a importância de uma norma para orientar todas as instituições de saúde”, explica Viviane Hessel Dias, infectologista e coordenadora do Núcleo de Epidemiologia e Infecção Hospitalar do Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba (PR).
Os infectologistas têm papel fundamental na linha de frente do enfrentamento a Covid-19, com uma rotina intensa, voltada principalmente aos treinamentos das equipes, que vão da paramentação até a necessidade do atendimento cauteloso do paciente. Eles estudam o vírus, analisam a complexa relação da doença, seu modo de mutação e transmissão para saber lidar com todas as etapas de cuidado. Isso inclui protocolos clínicos de diagnóstico, de tratamento, de estrutura física para cuidados e isolamento, atuando assim em todas as frentes.
Papel que ganhou mais força agora no novo momento da pandemia. Com a escalada de casos, a descoberta das novas cepas, protocolos de prevenção reforçados e aprovação das vacinas, coube aos infectologistas identificar e alertar para os caminhos a serem seguidos. “Vemos que a conscientização da população é um trabalho contínuo e essencial. Vivemos um momento de incertezas, mas ao mesmo tempo de aprendizados conquistados em tempo recorde”, destaca Viviane.
Trabalho conjunto nas adequações
A médica enfatiza que, para que a instituição de saúde conseguisse se adequar rapidamente à nova realidade imposta pela pandemia, foi essencial que todos os setores - direção, recursos humanos, equipe assistencial e infraestrutura - se unissem. Ambientes de pressão negativa, centro cirúrgico específico e fluxos separados de pacientes com ou sem sintomas respiratórios criaram uma nova estrutura dentro da que já existia. “Foi um trabalho assertivo e realizado com muitas mãos. Tivemos uma questão privilegiada, em que tudo o que a infectologia solicitou foi atendida, sempre pensando na segurança assistencial das equipes e dos pacientes”, frisa.
Mesmo os hospitais que não são referência para o atendimento de pacientes Covid-19, precisaram rever todo fluxo de atendimento, como é o caso do Hospital Universitário Cajuru. Sendo referência no atendimento de traumas e casos clínicos pelo SUS em Curitiba, a instituição também precisou se adequar para garantir a segurança dos profissionais e pacientes quanto ao contágio do novo coronavírus. “Logo no início da pandemia o Hospital Cajuru passou por uma série de mudanças e protocolos para evitar o contágio tanto dos profissionais quanto dos pacientes. Em um trabalho conjunto entre equipe assistencial, infectologistas e direção do hospital, foram determinadas medidas para garantir a segurança de todos”, explica a gerente assistencial do hospital, Letícia Pessoa Salamunes.
Restrição de visitas e acompanhantes, boletim médico virtual e criação de uma unidade de contingência para casos de pacientes com sintomas gripais foram algumas das iniciativas implantadas com a orientação dos infectologistas da equipe. Para Letícia, essas e outras ações têm sido essenciais para garantir a segurança dos profissionais e pacientes, mesmo que o hospital não seja referência no tratamento de Covid-19. “É fundamental que sejam adotadas as medidas de restrição ainda que o hospital não receba pacientes com o novo coronavírus. Isso porque todos estão expostos e vulneráveis a essa doença, tanto os colaboradores quanto os pacientes e não somente no ambiente hospitalar, mas em qualquer lugar. Com essas medidas, reduzimos os riscos de contágio e proporcionamos aos colaboradores e pacientes um local mais seguro”, finaliza.
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